O ano de 2024 ficará marcado na história do futebol feminino do Internacional não pelas conquistas, mas pelo retrocesso. Após um vice-campeonato brasileiro em 2022, as Gurias Coloradas enfrentam um cenário desolador, consequência de uma série de problemas que vão desde a falta de planejamento até a má gestão. O que aconteceu com o time que já foi referência na modalidade?
Desde 2022, parece que o Internacional abandonou qualquer projeto concreto para o crescimento do futebol feminino. A falta de contratações e o desmanche recorrente do elenco, sem reposições à altura, são reflexos claros de uma gestão que perdeu o rumo. Em 2024, apenas duas jogadoras se destacaram entre as contratações: Gabi Moraes e Catrine. O restante das adições ao elenco não teve impacto expressivo, o que contribuiu para o desempenho abaixo das expectativas.
O início da temporada foi marcado pela contratação de Breno Basso como técnico, uma decisão que acabou custando caro. O Internacional passou boa parte do campeonato na zona de rebaixamento, e foi preciso trazer Jorge Barcelos para tentar salvar o time e buscar uma vaga na fase de mata-mata. Pela primeira vez desde que subiu para a elite do futebol feminino, o Inter flertou seriamente com o fracasso.
Além das falhas nas contratações, há uma insistência preocupante em peças que já não entregam o desempenho esperado. Isso, aliado a relatos de problemas internos — como disputas por itens básicos como água e frutas após os treinos —, evidencia a precariedade do ambiente no clube.
Outro ponto que escancara a má gestão é a falta de transparência com o dinheiro da venda de Priscila, uma das maiores transferências da história do futebol feminino no Brasil. O clube perdeu uma jogadora de altíssimo nível e arrecadou cerca de R$ 2 milhões, mas não há clareza sobre como esses recursos foram aplicados no departamento feminino. As atletas e os torcedores têm todo o direito de perguntar: onde está esse dinheiro?
Olhando para 2025, o cenário é preocupante. Enquanto outros clubes aumentam seus investimentos no futebol feminino, o Internacional deve seguir na contramão, reduzindo ainda mais os recursos destinados à modalidade. O Grêmio, rival histórico, já investiu mais do que o Inter no ano passado e promete ampliar ainda mais esse diferencial no próximo ano.
Com um orçamento cada vez mais apertado, fica difícil esperar que as Gurias Coloradas consigam competir de igual para igual com equipes como Corinthians ou Palmeiras.
O torcedor colorado, apaixonado e exigente, vê o time que tanto ama ser desmantelado e tratado como um apêndice irrelevante dentro do clube. Essa postura contrasta com o esforço das atletas, que, mesmo em condições adversas, continuam dando o melhor de si em campo.
Resta a pergunta: o que esperar de um time com tão pouca estrutura e planejamento? É urgente que a direção assuma a responsabilidade pelos erros e repense suas prioridades. Caso contrário, o futuro do futebol feminino do Internacional estará cada vez mais distante das grandes conquistas que tanto orgulharam o clube no passado.
A palavra agora está com vocês, torcedores: quais são as suas expectativas para o futuro das Gurias Coloradas? Compartilhem suas opiniões e sigamos debatendo, porque o Internacional merece mais.
Este é um desabafo de quem acompanha, torce e acredita no potencial do futebol feminino no Brasil.
Daniela Tonietto
Studio Mix Esportes