Há momentos em que é difícil separar a emoção de torcedor do dever profissional, e falo isso como alguém que sempre soube colocar os interesses do clube e da profissão à frente de qualquer paixão. Como colorado de coração, posso garantir que sempre fui imparcial no meu trabalho, seja nas categorias de base ou no futebol feminino, sempre entregando o melhor que pude, com orgulho. Contudo, o que vi ontem me fez refletir. Renato Portaluppi, ídolo gremista, mas carioca de coração e alma, atacou novamente a imprensa, como vem fazendo sucessivamente em momentos de dificuldade do Grêmio.
Fica a pergunta: onde está a direção do Grêmio? Por que ninguém se manifesta? O time mal apresenta futebol, se é que podemos chamar o que estamos vendo de futebol. No momento do gol, até há uma celebração, mas fora isso, há um vácuo em termos de desempenho e estratégia.
A cada derrota ou desempenho pífio, Renato parece ter uma tática pronta: atacar os jornalistas, radialistas e qualquer um que questione sua postura. Mas ontem, vi algo mais grave. Dois gremistas de coração, que dedicam suas vidas ao clube, um deles paga suas mensalidades religiosamente e exerce a profissão de jornalista com integridade; estavam sem palavras. Pareciam sem forças para pedir outra postura da direção técnica e dos atletas. Eles, que sempre defenderam o Grêmio, estavam calados, impotentes diante de tamanha arrogância e falta de rumo.
A frase de Renato, "Comigo aqui o Grêmio jamais vai cair", soa como um eco da famosa e trágica afirmação: "Time grande não cai". E aí, pergunto a vocês, torcedores e dirigentes: lembram do que aconteceu com quem disse isso?
É preciso mudar a postura. Não só dentro de campo, mas na relação com a imprensa, com os torcedores e com a direção. O Grêmio é maior que qualquer técnico ou jogador, e precisa urgentemente de respeito e dignidade, tanto no futebol quanto na forma de tratar aqueles que vivem e respiram o clube, e claro, um pouco de futebol.
Robert Abel