No dia 19 de outubro de 1954, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense inaugurava o Estádio Olímpico Monumental com uma vitória por 2 a 0 sobre o Nacional, de Montevidéu. Sete décadas depois, o que já foi a segunda casa do Tricolor permanece em estado de abandono, em meio a um impasse jurídico que envolve o clube, a Prefeitura de Porto Alegre, a construtora OAS e a empresa Karagounis. O acordo original para a troca do terreno do Olímpico pela Arena do Grêmio nunca foi completamente finalizado, e as ruínas do estádio continuam a marcar o bairro Azenha.
O negócio firmado na gestão do ex-presidente Paulo Odone previa que o Grêmio entregaria o Olímpico à Karagounis, empresa financiada pelo fundo de investimento do FGTS e administrada pela Caixa Econômica Federal, enquanto a OAS repassaria a Arena do Grêmio. No entanto, o processo não foi concluído devido a dívidas relacionadas à construção da Arena, especialmente em obras de infraestrutura no entorno. Quando Fábio Koff assumiu a presidência, começou a renegociar com a OAS, buscando antecipar a entrega da gestão da Arena, mas a troca das chaves nunca ocorreu.
A Prefeitura de Porto Alegre, por sua vez, afirma que a OAS nunca a procurou para resolver as pendências das obras no entorno da Arena e do Olímpico. Em 2023, o prefeito Sebastião Melo chegou a ameaçar a desapropriação do Monumental, com prazo estipulado para março daquele ano. No entanto, o projeto de lei que discutia a questão não avançou e nunca foi votado.
Em uma tentativa recente de resolver o impasse, o governo federal, representado pelo ministro Paulo Pimenta, propôs uma solução que envolvia as obras de macrodrenagem na capital gaúcha. Após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, a União disponibilizou R$ 770 milhões para essas obras, que poderiam incluir o entorno da Arena. A proposta sugeria que o governo federal assumisse as obras ao redor da Arena, enquanto o Ministério Público retiraria as ações judiciais contra a OAS e a Karagounis. Em troca, o Grêmio entregaria as chaves do Olímpico, e a Prefeitura de Porto Alegre cobraria das empresas a finalização das obras no terreno do Monumental. No entanto, as conversas estão paradas devido ao período eleitoral.
Curiosamente, o Olímpico, mesmo em ruínas, voltou a ser utilizado em maio deste ano como um ponto de apoio para a coleta de donativos após as enchentes que devastaram o estado. O antigo estádio gremista, por uma breve fase, deixou o cenário de abandono para se tornar um dos principais centros de arrecadação de ajuda humanitária da capital gaúcha.
Além disso, apesar do imbróglio jurídico e do estado de abandono, o Grêmio incluiu o Olímpico nas festividades de seus 121 anos. No próximo dia 28 de setembro, o local será palco de uma festa para a torcida gremista, já que a Arena do Grêmio estará indisponível na data. Uma área de mais de 11 mil metros quadrados, localizada no antigo campo suplementar, está sendo preparada para receber cerca de 10 mil pessoas.
O aniversário de 70 anos do Estádio Olímpico Monumental é marcado por um misto de saudade e frustração. O impasse sobre o futuro do Velho Casarão parece distante de uma solução, mas o estádio ainda tem relevância para o Grêmio e sua torcida, seja como parte das comemorações dos 121 anos do clube ou em momentos de apoio à comunidade. Enquanto a situação jurídica não avança, o Olímpico segue de pé, aguardando uma definição definitiva sobre seu destino.
Acompanhe abaixo, o vídeo da Produtora Zeppelin, mostrando a despedida de um ainda austero Estádio Olimpio Monumental.
Studio Mix Esportes