O sonho da inédita medalha olímpica do conjunto brasileiro de ginástica rítmica foi interrompido de forma dramática nesta sexta-feira (09), em Paris 2024. Após uma excelente apresentação nos cinco arcos, que deixou o Brasil na quarta colocação provisória, uma lesão na panturrilha esquerda da ginasta Victoria Borges, minutos antes da série mista, alterou o destino da equipe. Mesmo competindo no sacrifício, as brasileiras não conseguiram evitar a queda para a nona posição geral, ficando fora da final.

"A Victória, após realizar a primeira série de competição sem restrições, apresentou uma dor aguda na musculatura da panturrilha durante o aquecimento, o que limitou sua capacidade de força para a segunda etapa da competição", explicou Rodrigo Sasson, médico do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Ainda assim, a jovem atleta insistiu em competir, emocionando suas companheiras e o público presente na Arena La Chapelle.

O Drama no Tablado

A primeira apresentação do conjunto, composto por Maria Eduarda Arakaki, Nicole Pircio, Déborah Medrado, e as estreantes Sofia Madeira e Victória Borges, ao som de "I Wanna Dance with Somebody" de Whitney Houston, remixada com toques de samba e funk, animou o público e garantiu ao Brasil uma excelente nota de 35.950, colocando o país na quarta posição, atrás apenas de Itália, Bulgária e França.

No entanto, a série mista, que misturava três fitas e duas bolas, revelou o imponderável. A coreografia, que unia diferentes ritmos brasileiros e homenageava figuras icônicas como Pelé, Gisele Bündchen e Rebeca Andrade, começou com um atraso incomum e logo mostrou que algo estava errado. Victória entrou mancando, e durante a execução, não conseguiu acompanhar as companheiras em todos os movimentos. Mesmo com todo o esforço, ficou evidente que a lesão afetou sua performance e, consequentemente, a pontuação do Brasil.

O conjunto recebeu apenas 24.950 na série mista, somando 60.900 pontos no total, o que resultou na nona colocação geral. A equipe ficou como primeira reserva, mas mesmo que tivesse avançado para a final, a ausência de reservas no time impediria a continuidade na competição.

O Esforço das Leoas

Duda Arakaki, capitã da equipe, descreveu o momento de frustração e o orgulho que sentiu pela dedicação de Victoria: "É um misto de sentimentos, mas o que prevalece é o orgulho. A gente deu o nosso máximo. No aquecimento, 10 minutos antes de entrarmos, a Vic sentiu uma dor na panturrilha. A gente não sabia muito o que fazer, mas o nosso médico estava com a gente, ela foi atendida. Fizeram uma bandagem e ela quis tentar competir. A gente só tem a agradecer porque trabalhamos duro para estar nessas Olimpíadas, era o nosso maior objetivo. Só gratidão porque a gente se uniu muito. Ela deu o máximo dela, só que não tinha condições de fazer as dificuldades corporais, e por isso a nota não subiu tanto. A gente aceita o que vier, porque sabemos que demos o nosso melhor todos os dias."

Conclusão Final

O conjunto brasileiro de ginástica rítmica, conhecido como "Leoas" pela garra e determinação, enfrentou um dos maiores desafios de sua carreira olímpica em Paris 2024. Apesar do esforço hercúleo de Victória Borges em competir mesmo lesionada, o sonho de uma medalha inédita foi adiado. O episódio, no entanto, reforça o espírito de união e resiliência da equipe, que sai dos Jogos com a cabeça erguida e o respeito de todos os que acompanharam sua jornada. O futuro do conjunto brasileiro, que já fez história ao alcançar essa etapa, continua promissor, e o trabalho segue em busca da tão sonhada conquista olímpica.