Na última quinta-feira, César Schunemann postou em sua rede social uma nota comunicando sua saída da Diretoria do Departamento Feminino de Futebol do Internacional. Na mesma, o ex-diretor afirma que sai por motivos pessoais, mas menciona problemas constantes com questões básicas como campo e materiais simples como água, que precisam ser resolvidos diariamente, dificultando o trabalho estratégico do time. Ele também destacou que parte do clube não reconhece o valor do futebol feminino para a instituição, resultando em situações desgastantes que o levaram ao cansaço. Schunemann afirmou ainda que “nossas atletas, comissão técnica multidisciplinar e staff trabalham muito e honram o Clube e na maioria das vezes, sem serem vistas devidamente. Resta nítido que ainda precisamos fazer muito para que o Futebol de Mulheres seja 'pertencido' a elas em nosso clube”.
Nós e diversas outras jornalistas de grandes veículos cobramos ao longo da quinta e da sexta um posicionamento do Internacional sobre o ocorrido e tivemos como devolutiva o comunicado de que o Clube realizou o desligamento do diretor de futebol feminino, César Schunemann, por incompatibilidades de condutas e ações durante o exercício da função. O clube reiterou seu compromisso em fortalecer a modalidade e que a equipe está totalmente concentrada para os próximos desafios. Após isso, César apagou o post com a nota de sua rede social.
É uma grande lástima que um diretor tenha que ser desligado do clube por lutar para que suas atletas tenham o mínimo. Quem acompanha o futebol feminino do Internacional sabe que o mesmo está longe de ser uma maravilha. Muito pelo contrário, de 2022 para cá, se enxerga um desmanche e um descaso do clube com a modalidade. O presidente Alessandro Barcellos, que fez diversas promessas de campanha para a modalidade, não se manifesta sobre a mesma desde novembro do ano passado.
Lembrando que o Internacional venceu apenas uma partida no Brasileirão este ano, e está lutando para sair do Z4, para só então poder sonhar em se classificar para a fase de mata-mata do campeonato. Já abordamos também em outra crônica aqui na Studio Mix Esportes, alguns dos pontos que o César trouxe em sua nota e como eles corroboram para essa situação que o Inter vem vivendo. Infelizmente, enquanto o clube não entender que o Futebol Feminino também é o Inter, não iremos para frente. A modalidade precisa ser levada a sério e respeitada, assim como precisa de investimento para ter resultado. Observando outros cases do futebol de mulheres, não encontramos nenhum que primeiro teve resultado e depois investimento. Lembrando sempre que o futebol feminino é um esporte em ascensão, investir hoje é a certeza de lucro e resultados positivos amanhã. Mas será que os clubes realmente querem isso?
Daniela Tonietto