Uma das coisas que mais me incomoda no futebol é o efeito manada. Basta que um único veículo dê a receita do bolo e logo vem aquela enxurrada de frases iguais, de pensamentos primos. Sabe? Dá a impressão que tudo está destinado a ser exatamente como "aqueles caras" pensam, sem margem para surpresas, sem incursões do acaso. Poxa, logo no futebol, senhores! Não. Se adotássemos o futebol como fonte irrestrita do óbvio não teríamos o título inédito do Leverkusen na Alemanha, fato ocorrido dias atrás. Sofisma? Pensamento pronto? Pense na Inglaterra, então. Aos 25 minutos do segundo tempo, o oitavo colocado da segunda divisão, o Conventry, perdia por 3 a 0 para o poderoso Manchester United na semifinal da FA Cup (a Copa do Brasil deles) e foi buscar o empate histórico. Ou o próprio
Huachipato, modesto chileno que surpreendeu
novamente na Arena, e novamente pela Libertadores!
É assim! Mas às vezes dá pra pensar no óbvio. Não é
crime. Preguiça mental, talvez. Galdino e Galvão são

muito menos do que Nathan e Gustavo Nunes.

Tá, mas comentar depois do resultado é fácil!" Ah, mas o jogo em Lá Plata seria mais físico e menos jogado..."
Certo nas duas! Mas o Grêmio jogou por um prato de comida. Sabia que para seguir vivo na Libertadores precisaria jogar a morrer. E foi o que fez! E aí eu tenho duas teorias. Conjecturas, hipóteses, sei lá...
A primeira, mais plausível, é de que o staff do clube escrutinou o Estudiantes num nível psicodélico sem precedentes, e por isso fez o jogo que fez, mesmo com um homem a menos em boa parte do segundo tempo. A outra é de que Renato ganhou de presente um contra-ataque apesar da inferioridade numérica - e portanto, sorte de quem escalou mal e mexeu bem. Então, antes de comprar a ideia de que a alma do Grêmio estava encomendada, vendida e embrulhada pra presente, seria mais razoável acreditar no time do
Cristaldo.  Vai dar tempo de reparar o erro de ter colo-
cado garotos na altitude. Sorte acompanha os com-
petentes também. Resta saber é se Renato seguirá
prestigiado embora a frequência de derrapagens
 tenha aumentado de uns tempos pra cá.
E por favor,  não consumam pessimismo!

Rodrigo Rocha